Vincent Cheung afirmou que “a reflexão teológica é a atividade mais importante que um ser humano pode realizar”.1 Na verdade, “até bem recentemente, a teologia era considerada como a rainha das ciências e a teologia sistemática como a coroa da rainha”.2 Certamente Strong,3 era um dos que compartilhavam dessa mesma concepção, pois em suas palavras “a teologia é a “ciência das ciências” [...], a ciência de Deus e das relações entre Deus e o universo”.4
René Descartes, também caminhava nessa mesma direção, pois as suas palavras demonstram que ele estava convicto de que todas as demais ciências dependem do conhecimento do verdadeiro Deus, que por sua vez, depende de uma adequada reflexão teológica:
[...] reconheço muito claramente que a certeza e a verdade de toda a ciência dependem apenas do conhecimento do verdadeiro Deus: de maneira que, antes que eu O conhecesse, não podia saber perfeitamente nenhuma outra coisa. E agora que O conheço, tenho meio de adquirir uma ciência perfeita no que diz respeito a uma infinidade de coisas, não apenas das que existem nele, mas também das que pertencem à natureza corpórea, [...].5
Nas palavras de Roger Olson, “a teologia é inevitável na medida em que o cristão (ou qualquer outra pessoa) procura pensar de modo coerente e inteligente a respeito de Deus”.6 Infelizmente, a grande maioria da nossa geração não pensa assim, pelo que tem se distanciado cada vez mais do estudo doutrinário sistemático, preferindo um cristianismo mítico, pautado na criatividade “interpretativa”, no pragmatismo e nas supostas “novas revelações pessoais” que determinados “líderes e fiéis” reivindicam estar recebendo constantemente de Deus.
Dessa forma, os “cristãos” contemporâneos, tem se enveredado por um caminho nebuloso e indefinido que é conduzido por “novas luzes” que estão em constante mutação, visando atender os anseios do homem.7 Sem dúvida alguma, essa “inovação constante da fé”, é muito preocupante. Olson, chamou a atenção para essa situação, afirmando que “o cristianismo está correndo o risco de se tornar uma religião folclórica de culto terapêutico e sentimentos pessoais”.8
Por conta disso, precisamos resgatar urgentemente o estudo bíblico-teológico sistemático pautado na crença absoluta de que a Bíblia Sagrada é a Palavra de Deus plenamente inspirada por Ele, sendo ela mesma a nossa única e suficiente regra de fé e prática.
Mais do que ser vista como importante, a teologia precisa ser tratada como necessária, pois uma vez que a Teologia “é o estudo da Realidade última, nada é mais importante. Porque contempla e discute essa realidade, ela, consequentemente, define e governa cada área da vida e do pensamento. Portanto, assim como Deus é o Ser ou Realidade última, a reflexão teológica é a atividade humana última”.9 Isso implica que a Teologia legitimamente fundamentada na Bíblia, transcende todos os sistemas de investigação pertinentes à vida, sendo a detentora da palavra final sobre as mais diversas conclusões que se possa chegar na vida.
1 Cheung, 2003, p. 5.
2 THIESSEN, 1989, p. 4.
3 Strong, 2003, vol. 1, p. 21.
4 Ibid.
5 FLORIDO, 1999, pp. 311, 312.
6 Olson, 2009, p. 14.
7 THIESSEN, 1989, p. 4.
8 Olson, 2009, p. 17.
9 Cheung, 2006, p. 5.
Extraído da Aula de Introdução à Teologia. Cursos SETEON. Professor Patrick Rosa.