Jó 35.6,7
“Se pecares, que efetuarás contra Ele? Se as tuas transgressões se multiplicarem, que lhe farás? Se fores justo, que lhe darás, ou que receberá da tua mão”?
Mais uma vez reafirmamos: “O Deus das escrituras é soberano”! A impassibilidade é mais uma das bases de Sua soberania.
De acordo com o Dr. Norman Geisler, o termo impassibilidade denota que nada e nem ninguém no universo criado pode fazer Deus sentir dor ou infringir lhe sofrimento. No entanto Geisler salienta que isso não significa que Deus não possua sentimentos, mas tão somente que estes não são resultantes de ações impostas a Ele pelas Suas criaturas1.
Louis Berkhof resumiu dizendo que Deus não está sob nenhuma compulsão, mas age de acordo com a lei do Seu ser2.
Dizer que Deus é impassível não quer dizer que Ele não se importa com o homem, mas sim que o homem não pode coagi-lo a realizar ou deixar de fazer algo. É como disse o salmista:
“Mas o nosso Deus está nos céus e faz tudo o que apraz” (Sl 115.3).
Afirmar que o Deus das escrituras é impassível, não significa que Ele é indiferente ao nosso sofrer, mas sim que toda Sua atitude em relação a nós está pautada de forma única e exclusiva na excelência soberana do Seu ser, e não em nossas atitudes.
Não quero com isso dizer que Deus não exija uma postura de obediência de seus filhos, quero apenas enfatizar que toda iniciativa provém d’Ele.
Por exemplo, de que adiantaria se arrepender de nossos pecados se o Senhor não estivesse disposto a nos perdoar? Sem dúvidas não haveria perdão, só há porque foi uma iniciativa de Deus providenciar a redenção e a justificação pelo sangue de Seu filho.
Desta forma, embora Deus exija a fé por parte do homem como resposta à Sua graça, a salvação continua repousando sobre as mãos do soberano Senhor, pois Ele é a causa da salvação. Se Jesus não se entregasse na cruz para satisfazer a vontade do Pai, em quem nós creríamos para sermos salvos? Assim sendo, não é o homem o causador da salvação, pois a fé sem Jesus não teria valor algum, se é que poderíamos ter fé!
Deus é o detentor absoluto da salvação, visto que Ele deu o Seu Filho para dar a salvação a nós:
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito, para que todo aquele que n’Ele crê não pereça mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16).
Note que Deus deu Seu Filho espontaneamente, ninguém o influenciou ou coagiu, mas pela Sua soberana e livre vontade decidiu assim fazer.
O Deus das escrituras não é como aquele pai movido pelas chantagens emocionais de seus filhos, que muda de ideia com base na manipulação sentimental deles.
É bem verdade que o deus da pseudo teologia da prosperidade, ou da teologia do processo se veja coagido com as chantagens emocionais de seus filhinhos birrentos, pois é vulnerável e pode ser convencido a mudar de ideia!
Porém o Deus das escrituras não é assim, Ele é bem diferente, nossos acertos ou desacertos em nada afetam a este Deus soberano, pois Ele é impassível. O que faço de bom traz consequências boas para mim mesmo, não acrescenta nada em Deus, pois Ele é perfeitamente completo em Si mesmo. Meus pecados, nem de longe alteram ou diminuem o Deus das escrituras, Ele continua e continuará sempre sendo o Santo por excelência, no sentido pleno, perfeito e absoluto da palavra!
Todos os nossos atos são incapazes de infringir ao Senhor qualquer sombra de sofrimento ou mudança, pois todos os Seus atos estão pautados na excelência do Seu próprio ser.
Por isso, nas palavras do Dr. Geisler “Deus é o movedor imovível, ou o movedor mais movente3”, isso porque o soberano Senhor, o Deus das escrituras move a tudo e a todos, sem contudo ser movido por nada e por ninguém.
Ah se os pregadores da pseudo teologia da prosperidade conhecessem esse Deus tão tremendo! Certamente não ensinariam as multidões a reivindicar bênçãos, colocar Deus na parede, exigir supostos direitos de Deus, não aceitar as circunstancias, pois ninguém pode dar ordem ou exigir qualquer coisa ao Deus Soberano, revelado nas escrituras!
Tudo o que recebemos de bom do Senhor emana do Seu caráter perfeito, e não das nossas ações acertadas, provém da Sua incalculável graça, do seu incomparável amor, e de Seu imenso prazer em nos abençoar!
Como me sinto impotente diante desse glorioso Deus! “Ele não é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois Ele mesmo é quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas” (At 17.25).
Como reconheceu Davi, até mesmo as ofertas que entregamos ao Senhor provém das suas mãos!
[...] “Porque tudo vem de Ti, e das tuas mãos to damos. Senhor, nosso Deus, toda esta abundância que preparamos para te edificar uma casa ao Teu santo nome vem da Tua mão e é toda Tua” (1 Cr 29.14b, 16).
O que podemos dar a esse Deus majestoso, absolutamente perfeito e satisfeito em Si mesmo, que não tem falta de nada, e que é dono de tudo?
Como respondeu o Dr. Geisler, só podemos dar a admiração, a adoração, sem contudo nada acrescentar à Sua perfeita majestade4.
1Geisler, Norman, Teologia Sistemática vol. 1, Cap. V pág. 643, CPAD, 1ª edição, Rio de Janeiro, Rj, Brasil, 2010.
2Berkhof, Lois, Teologia Sistemática Cap. VII pág. 75, Cultura Cristã, 3ª edição Revisada, São Paulo, SP, 2007.
3Geisler, Norman, Teologia Sistemática vol. 1, Cap. V pág. 643, CPAD, 1ª edição, Rio de Janeiro, Rj, Brasil, 2010.
4Geisler, Norman, Teologia Sistemática vol. 1, Cap. V pág. 644, CPAD, 1ª edição, Rio de Janeiro, Rj, Brasil, 2010.
Extraído do livro "O Deus das Escrituras", de Patrick Antonio Rosa (2ª Edição).